Dior primavera-verão 2018

26.09.2017

“Por que não existiram grandes artistas mulheres?” A pergunta já rola no mundo das artes e entre articuladoras do feminismo há bastante tempo (e é o título de um famoso ensaio da historiadora Linda Nochlin), mas agora chega na passarela em uma coleção esperta de Maria Grazia Chiuri pra Dior. É que a história da arte foi escrita por homens, centrada em homens – e, claro, a questão que aparece na camiseta que abre o desfile de primavera-verão 2018 apresentado na Semana de Moda de Paris é irônica. Elas existiram. Só que não se fala tanto delas quanto se fala deles.

Um exemplo é a francesa Niki de Saint Phalle, uma artista francesa que era feminista, com um universo criativo extremamente característico e interessante, estilosa e, veja só, que foi modelo da Dior e amiga pessoal de Marc Bohan, o terceiro estilista da marca (depois de Christian Dior e Yves Saint Laurent). Uma das suas obras mais conhecidas é o Jardim do Tarô, que fica na Toscana: ele traz esculturas enormes e coloridíssimas inspiradas no jogo de cartas esotérico. Muitas dessas imagens estão nos bordados das roupas da coleção. E se o cenário parece uma versão espelhadaprateada de Gaudí, na verdade ele se refere ao interior das esculturas, que são gigantescas e podem ser visitadas por dentro – Niki viveu dentro da “Imperatriz” durante meses enquanto trabalhava no jardim.

Fora isso, o que chama a atenção nessa coleção é o senso prático dela, com jeans, padronagens P&B fáceis e charmosas (o quadriculado, o poá, as listras), mary janes nos pés, o preto pra balada, as saias transparentes festivas. Maria Grazia não perde de vista nem a mulher mais velha que já é cliente da marca, nem a mais nova que precisa ser atraída. Dá certo! Veja mais na galeria!

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