Diego Fávaro primavera-verão 2017/18

07.11.2017

Diego Fávaro vem fazendo uma narrativa interessante em seus desfiles na Casa de Criadores. No anterior, ele falou sobre a depressão (com direito à pochete Help que virou hit). É um tema muito caro a ele, pessoal, mas essa foi uma das boas sacadas: Diego não está sozinho, tanto que muita gente se identificou, comprou e usou as roupas. Agora ele segue na mesma linha, enfrentando o gatilho que causou a deprê – tipo uma terapia, um acerto de contas e um exorcismo dos medos, tudo ao mesmo tempo. É que ele foi alvo de haters, e essa primavera-verão 2017/18 se chama, justamente, “Haters gonna love me” (coincidentemente o mesmo tema e tipografia de um desfile de alunos do Senac de técnico de produção de moda que rolou em agosto na Assembleia Legislativa em SP).

“Falo sobre essa guerra virtual, todo mundo afrontando todo mundo”, ele explica no backstage. Não é à toa que o macacão que abre a apresentação, inspirado naquelas roupas antirradiação, traz a frase “Is it more fun on the computer?” bordada (tipo “diz na cara, então!”) e avisa, em uma das mangas: “This air is for you and me”. Cyberbullying é uma realidade muito séria que pode desencadear uma série de sintomas, como síndrome do pânico, enquanto o detrator segue com certo ou total anonimato. 

Bom, os haters seriam bobos se não amassem: aqui está tudo o que Diego já faz, roupa bem feita, moderna, com slogans e logomania, novamente voltando ao preto sombrio em pegada mais pra assustar e bater de frente do que depressiva. Superurbana, a coleção tem utilitarismo, militarismo (verde militar e marrom complementam o branco e preto da cartela). É interessante como o estilista se desenvolve bem tanto no mais amplo como no bem justo – um bom exemplo são as calças masculinas, da cargo a legging. E é, provavelmente, uma das coleções mais comerciais dele, de cabo a rabo – isso é bom, já que Diego não esconde de ninguém que gosta mesmo de vender. Os tênis são parceria com a Passarela, e também tem boné com a Starter Brasil e meias da Underfull. Pra quem achou tudo muito agressivo pela quantidade de “hate” espalhada, relaxa: existe amor e humor aqui, como nas estampas de coração (a melhor é a da mochila!) e na braguilha da calça que diz “love me”. Hummm… 😉 (Jorge Wakabara)

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