Cemfreio novembro de 2016

12.11.2016

Entra a rapper Lay mandando seu texto ao vivo e você já sente que a energia vai ser forte no desfile de estreia da Cemfreio, marca do estilista Apolinário, na Casa de Criadores. O discurso dele quando explica a coleção no backstage, antes de vestir os modelos, é um pouco entrópico, quase hermético, mas combina com uma geração acostumada com o simultâneo, o multitarefa, o fragmentado. A coleção privilegia malharia e moletom lisos em preto ou branco com outros detalhes aqui e ali (o jeans com bordado de pedraria, meio antigo, ou o com patchwork que reaproveita descarte, mais fresco, ambos desenvolvidos com a Carmim; o bordado eletrônico de linha vermelha com letra gótica “vamoqvamo” e “passivo agressivo”; o efeito “tinta fresca” que Apolinário faz à mão com uma mistura de tinta acrílica com plástica e outra pra tecido). Existem ideias muito boas, peças que são ajustáveis e feitas pra vestir “o maior número de corpos e pessoas possível” – a melhor é a calça estilo samurai que “envelopa” as pernas e é amarrada na cintura duas vezes com cadarço. Mas o “maior número de corpos” não é mostrado de fato na passarela: o casting, todo negro, é delgado. Destaque pra parceria com Iury Trannin nos acessórios, argolas com pingentes de resina que trazem moedas de cruzeiro grudadas-incrustadas; e com Alexandre Pavão nas bolsas, que dão uma sofisticada no streetwear. E voltando ao começo: a energia é eletrizante mesmo, e isso é louvável numa marca nova que já começa com o pé direito. Ela é capaz de gerar desejo (aliás, as roupas já estão à venda no Freak Market em SP). Ela faz sentido no cenário atual, que pede essa malharia casual. Mas manter essa energia sempre é um grande desafio. Vamoqvamo! (Jorge Wakabara)

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